Campanha Missionária

Campanha Missionária de 2024

Tema: Com a força do Espírito, testemunhas de Cristo
Lema: “Ide, convidai a todos para o banquete” (Mt 22,9). 


As Pontifícias Obras Missionárias (POM) desempenham um papel crucial na promoção e apoio às atividades missionárias da Igreja Católica em todo o mundo. Desde a sua fundação pelo Papa Pio XI em 1922, essas organizações têm sido uma fonte vital de suporte para missionários e projetos de evangelização em áreas carentes e desafiadoras ao redor do globo.

Uma das iniciativas mais emblemáticas das Pontifícias Obras Missionárias é o Dia Mundial das Missões. No Brasil, foi assumida a Campanha Missionária durante o mês de outubro e que tem como objetivo principal conscientizar os fiéis sobre a importância da missão na Igreja e angariar recursos para apoiar os esforços missionários em diferentes partes do mundo.


Qual seu objetivo?

Através da Campanha Missionária e de outras iniciativas, as Pontifícias Obras Missionárias reafirmam o compromisso da Igreja Católica com a missão evangelizadora, inspirando os fiéis a se engajarem ativamente na difusão do Evangelho e na construção de um mundo mais justo, solidário e fraterno.


Como acontece?

Durante esse mês especial, são organizadas diversas atividades nas paróquias, escolas e comunidades católicas, incluindo celebrações, formações, novenas e experiências missionárias, lembrando a solidariedade com os povos em situação de vulnerabilidade.
Além de sensibilizar os fiéis, a campanha também tem um importante aspecto de arrecadação de fundos.
As doações recebidas durante esse período são destinadas a apoiar projetos de evangelização, educação, saúde, desenvolvimento comunitário e assistência social em áreas de missão ao redor do mundo. Esses projetos são implementados por missionários locais e estrangeiros que trabalham incansavelmente para levar o amor e a mensagem de Cristo a lugares onde muitas vezes são necessários recursos e apoio adicionais.
No Brasil, a Campanha Missionária é uma atividade que, desde 1972, ajuda a fortalecer a identidade missionária da Igreja. É uma iniciativa que acontece em comunhão com o Conselho Missionário Nacional (COMINA) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

A Arte da Campanha

Com a força do Espírito…

Dentre as inúmeras imagens que temos para expressar a realidade do Espírito na criação e na história da salvação, uma das mais eloquentes sempre será o ruach entendido como vento, sopro ou mesmo respiração. O Espírito é fonte de vida e criatividade, força de Deus que ordena, fecunda e leva à plenitude todas as coisas.

Na constituição da Igreja, é na força do Espírito que ela descobre sua identidade e sua missão. Pentecoste representa o início da missão oficial da Igreja nascente. Mas esta manifestação do dom de Deus não representa a “estreia” dessa Pessoa e seu agir, mas um momento privilegiado. Sem perder a dimensão da verticalidade deste ruach (do alto) é preciso entender também sua presença “de dentro” da história da salvação, como também é necessário salienta sua liberdade e permeabilidade. O Espírito não está preso ou limitado. Como nos ensina Santo Ambrósio: o homem é servidor (ministro), não temos domínio sobre o Espírito, Ele é liberdade.

Testemunhas de Cristo…

Nesta construção simbólica, temos uma figura circular que indica a fonte de toda a missionariedade da Igreja que é o Próprio Deus em sua vida trinitária (indicada pelo dourado e as cruz mimetizada neste fundo). Temos então três camadas simbólicas: o fundo dourado (Pai), a cruz estilizada (Filho) e a simbologia do vento em movimento (Espírito). Da Trindade recebemos esta força do Espírito que permeia a história e a vida de todos, exatamente por isso a opção por uma representação “horizontal” onde entendemos a ação do Espírito “a partir” de Pentecoste, mas que percorre e alcança todas as estradas pelas quais a Igreja deve ser testemunha de Cristo.

O Banquete do Reino…

Na indicação do lema da CM 2024 encontramos uma imagem que se coloca ao centro, alinhando o imperativo do chamado e a natureza deste anúncio:

O Banquete. Nesta imagem encontramos a forte mensagem de comensalidade.

Os momentos celebrativos e da partilha alegre dos alimentos, são mais do que uma prática social. Partilhar o alimento remonta comunhão e compromisso de respeito e afeto, estar à mesa com alguém é considera-lo um irmão, um igual, conceder valor e dignidade de família. Exatamente por isso, a imagem de banquete é tão eloquente na tradição bíblica, pois convidar para o banquete é sempre sinônimo de comunhão de vida e fraternidade.

Na construção visual desta arte para a Campanha Missionária, temos a imagem do banquete do Reino ao centro, ele representa esta comunhão universal que o próprio Deus deseja realizar com cada ser humano. O Reino de Deus será sempre este banquete festivo, ao qual, todos serão sempre convidados. Convite este que pode ser considerado o fundamento da missionariedade da Igreja. 

Grande parte desta arte vem ocupada por um horizonte branco, que na verdade tem por objetivo representar as bordas de uma mensa (mesa de partilha). Como comensais temos todos os povos (representados pelas cores dos continentes) convidados a receber e estabelecer comunhão ao redor desta mesa do banquete do Reino. A posição da mão estendida em direção à mesa (repetida por todos) tem por objetivo indicar esta receptividade e ao mesmo tempo relação de vida. A mesa é muito mais ampla do que o número dos participantes e assim deve ser percebido pelo interlocutor da arte. Os espaços vazios devem mostrar a possibilidade que todos têm de fazer parte deste banquete. Nunca será mesa completa, mas sim mesa que se alarga para caber a todos.

Além destes lugares vazios à espera de cada homem e mulher, chamados a fazer parte desta família, a perspectiva do interlocutor diante desta imagem o coloca dentro da cena e diante da própria mesa. Temos uma mesa aberta, estamos diante da cena, mas também dentro dela. Estamos como que “do outro lado desta mesa do banquete”. A circularidade criar harmonia, equilíbrio e respeito pela diferença do outro, não há cantos, pois estão todos equidistantes deste mistério de amor. Estamos todos à mesma distancia e proximidade deste dom, que é o próprio Deus a si doar.

A simbologia do pão e do peixe, além de fazerem referencia clara à Pessoa de Cristo, como aquele que gera comunhão e se entrega para nos permitir fazer parte da festa, também alude a dimensão fraterna do milagre da comunhão. Não existe verdadeira comunhão sem o amor de Deus que nos une, sem o milagre que une as diferenças e preenche os vales que nos separam. 

Identidade Visual

A Campanha Missionária tem um nova identidade visual, marcando os seus 50 anos de jornada para promover a animação missionária em todo o mundo. A nova logomarca destaca a cruz, símbolo de nossa existência, e a sigla “CM” em um globo terrestre estilizado, rodeado por pontos que se entrelaçam em um gesto de solidariedade que ocupa o centro do design. Este ícone reflete a visão da Campanha Missionária de criar uma comunidade global que se expande para todos os cantos do mundo.

Ao lançar a nova marca da Campanha Missionária, as Pontifícias Obras Missionárias (POM) pretende reafirmar o trabalho de tantas pessoas envolvidas com a missão além-fronteiras, assim como trazer mais identidade para esta ação que faz parte da essência da vida cristã. Este é um símbolo do compromisso contínuo da Campanha Missionária em construir um mundo mais justo e compassivo.

Materiais



Mensagem do Papa

Mensagem do Papa




Santinho

O Santinho da Campanha Missionária deste ano apresenta a figura do

beato Paolo Manna, missionário do PIME (1872-1952), fundador da 

Pontifícia União Missionária.





Apresentação

Apresentação da Campanha Missionária





Banner Campanha Missionária

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Cartaz

O cartaz da Campanha Missionária

Oração do Mês Missionário

Senhor Deus,

Pai de todos os seres humanos,

faze com que nós cristãos,

ungidos com a força do Espírito Santo,

cooperemos com a tua missão

até os confins do mundo,

testemunhando Jesus

e anunciando o Evangelho do Reino

com urgência, respeito e gentileza.

Abre nossos ouvidos

para acolher o teu mandato: “Ide”!

Abre nossa boca para convidar a todos

para o banquete do teu Filho!

Abre nossos olhos para reconhecer

todas as situações de indiferença,

injustiça e rejeição presentes no mundo!

Ajuda-nos a ser Igreja sinodal em missão,

peregrinos da esperança, construindo pontes

de fraternidade e solidariedade entre os povos.

Maria, Estrela da Evangelização, rogai por nós.

Amém!

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE
PAPA FRANCISCO
PARA O XCVIII DIA MUNDIAL DAS MISSÕES 2024

20 de outubro de 2024

Ide e convidai a todos para o banquete (cf. Mt 22, 9)

Queridos irmãos e irmãs!

Para o Dia Mundial das Missões deste ano, tirei o tema da parábola evangélica do banquete nupcial (cf. Mt 22, 1-14). Depois que os convidados recusaram o convite, o rei – protagonista da narração – diz aos seus servos: «Ide às saídas dos caminhos e convidai para as bodas todos quantos encontrardes» (22, 9). Refletindo sobre esta frase-chave, no contexto da parábola e da vida de Jesus, podemos ilustrar alguns aspetos importantes da evangelização. Tais aspetos revelam-se particularmente atuais para todos nós, discípulos-missionários de Cristo, nesta fase final do percurso sinodal que, de acordo com o lema «Comunhão, participação, missão», deverá relançar na Igreja o seu empenho prioritário, isto é, o anúncio do Evangelho no mundo contemporâneo.

1. "Ide e convidai": a missão como ida incansável e convite para a festa do Senhor

No início da ordem do rei aos seus servos, há dois verbos que expressam o núcleo da missão: «ide» e chamai, «convidai».

Quanto ao primeiro verbo, convém recordar que antes os servos tinham sido já enviados para transmitir a mensagem do rei aos convidados (cf. 22, 3-4). Daqui se deduz que a missão é ida incansável rumo a toda a humanidade para a convidar ao encontro e à comunhão com Deus. Incansável! Deus, grande no amor e rico de misericórdia, está sempre em saída ao encontro de cada ser humano para o chamar à felicidade do seu Reino, apesar da indiferença ou da recusa. Assim Jesus Cristo, bom pastor e enviado do Pai, andava à procura das ovelhas perdidas do povo de Israel e desejava ir mais além para alcançar também as ovelhas mais distantes (cf. Jo 10, 16). Quer antes quer depois da sua ressurreição, disse aos discípulos «ide», envolvendo-os na sua própria missão (cf. Lc 10, 3; Mc 16, 15). Por isso, a Igreja continuará a ultrapassar todo e qualquer limite, sair incessantemente sem se cansar nem desanimar perante dificuldades e obstáculos, a fim de cumprir fielmente a missão recebida do Senhor.

Aproveito o momento para agradecer aos missionários e missionárias que, respondendo ao chamamento de Cristo, deixaram tudo e partiram para longe da sua pátria a fim de levar a Boa Nova aonde o povo ainda não a recebera ou só recentemente é que a conheceu. Irmãs e irmãos muito amados, a vossa generosa dedicação é expressão tangível do compromisso da missão ad gentes que Jesus confiou aos seus discípulos: «Ide e fazei discípulos de todos os povos» (Mt 28, 19). Por isso continuamos a rezar e a agradecer a Deus pelas novas e numerosas vocações missionárias para esta obra de evangelização até aos confins da terra.

E não esqueçamos que todo o cristão é chamado a tomar parte nesta missão universal com o seu testemunho evangélico em cada ambiente, para que toda a Igreja saia continuamente com o seu Senhor e Mestre rumo às «saídas dos caminhos» do mundo atual. Sim, «hoje o drama da Igreja é que Jesus continua a bater à porta, mas da parte de dentro, para que O deixemos sair! Muitas vezes acabamos por ser uma Igreja (…) que não deixa o Senhor sair, que O retém como “propriedade sua”, quando o Senhor veio para a missão e quer que sejamos missionários» (Discurso aos participantes no Congresso promovido pelo Dicastério para os leigos, a família e a vida, 18/II/2023). Oxalá todos nós, batizados, nos disponhamos a sair de novo, cada um segundo a própria condição de vida, para iniciar um novo movimento missionário, como nos alvores do cristianismo.

Voltando à ordem do rei aos servos na parábola, vemos que caminham lado a lado o «ir» e o chamar ou, mais precisamente, «convidar»: «Vinde às bodas!» (Mt 22, 4). Isto faz-nos vislumbrar outro aspeto, não menos importante, da missão confiada por Deus. Como se pode imaginar, aqueles servos-mensageiros transmitiam o convite do soberano assinalando a sua urgência, mas faziam-no também com grande respeito e gentileza. De igual modo, a missão de levar o Evangelho a toda a criatura deve ter, necessariamente, o mesmo estilo d’Aquele que se anuncia. Ao proclamar ao mundo «a beleza do amor salvífico de Deus manifestado em Jesus Cristo morto e ressuscitado» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 36), os discípulos-missionários fazem-no com alegria, magnanimidade, benevolência, que são fruto do Espírito Santo neles (cf. Gal 5, 22); sem imposição, coerção nem proselitismo; mas sempre com proximidade, compaixão e ternura, que refletem o modo de ser e agir de Deus.

2. "Para o banquete": a perspectiva escatológica e eucarística da missão de Cristo e da Igreja

Na parábola, o rei pede aos seus servos que levem o convite para o banquete das bodas de seu filho. Este banquete reflete o banquete escatológico; é imagem da salvação final no Reino de Deus – já em realização com a vinda de Jesus, o Messias e Filho de Deus, que nos deu a vida em abundância (cf. Jo 10, 10), simbolizada pela mesa preparada com «carnes gordas, acompanhadas de vinhos velhos» –, quando Deus «aniquilar a morte para sempre» (cf. Is 25, 6-8).

A missão de Cristo é missão da plenitude dos tempos, como Ele mesmo declarou no início da sua pregação: «Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo» (Mc 1, 15). Ora, os discípulos de Cristo são chamados a continuar esta mesma missão do seu Mestre e Senhor. A propósito, recordemos o ensinamento do Concílio Vaticano II sobre o caráter escatológico do compromisso missionário da Igreja: «A atividade missionária desenrola-se entre o primeiro e o segundo advento do Senhor (…). Antes de o Senhor vir, tem de ser pregado o Evangelho a todos os povos» (Decr. Ad gentes, 9).

Sabemos que o zelo missionário, nos primeiros cristãos, possuía uma forte dimensão escatológica. Sentiam a urgência do anúncio do Evangelho. Também hoje é importante ter presente tal perspetiva, porque nos ajuda a evangelizar com a alegria de quem sabe que «o Senhor está perto» e com a esperança de quem propende para a meta, quando estivermos todos com Cristo no seu banquete nupcial no Reino de Deus. Assim, enquanto o mundo propõe os vários «banquetes» do consumismo, do bem-estar egoísta, da acumulação, do individualismo, o Evangelho chama a todos para o banquete divino onde reinam a alegria, a partilha, a justiça, a fraternidade, na comunhão com Deus e com os outros.

Temos esta plenitude de vida, dom de Cristo, antecipada já agora no banquete da Eucaristia, que a Igreja celebra por mandato do Senhor em memória d’Ele. Por isso o convite ao banquete escatológico, que levamos a todos na missão evangelizadora, está intrinsecamente ligado ao convite para a mesa eucarística, onde o Senhor nos alimenta com a sua Palavra e com o seu Corpo e Sangue. Como ensinou Bento XVI, «em cada celebração eucarística realiza-se sacramentalmente a unificação escatológica do povo de Deus. Para nós, o banquete eucarístico é uma antecipação real do banquete final, preanunciado pelos profetas (cf. Is 25, 6-9) e descrito no Novo Testamento como “as núpcias do Cordeiro” (Ap 19, 7-9), que se hão de celebrar na comunhão dos santos» (Exort. ap. pós-sinodal Sacramentum caritatis, 31).

Assim, todos somos chamados a viver mais intensamente cada Eucaristia em todas as suas dimensões, particularmente a escatológica e a missionária. Reafirmo, a este respeito, que «não podemos abeirar-nos da mesa eucarística sem nos deixarmos arrastar pelo movimento da missão que, partindo do próprio Coração de Deus, visa atingir todos os homens» (Ibid., 84). A renovação eucarística, que muitas Igrejas Particulares têm louvavelmente promovido no período pós-Covid, será fundamental também para despertar o espírito missionário em todo o fiel. Com quanta mais fé e ímpeto do coração se deveria pronunciar, em cada Missa, a aclamação «Anunciamos, Senhor, a vossa morte, proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!»

Por conseguinte, no Ano dedicado à oração como preparação para o Jubileu de 2025, desejo convidar a todos para intensificarem também e sobretudo a participação na Missa e a oração pela missão evangelizadora da Igreja. Esta, obediente à palavra do Salvador, não cessa de elevar a Deus, em cada celebração eucarística e litúrgica, a oração do Pai Nosso com a invocação «Venha a nós o vosso Reino». E assim a oração quotidiana e de modo particular a Eucaristia fazem de nós peregrinos-missionários da esperança, a caminho da vida sem fim em Deus, do banquete nupcial preparado por Deus para todos os seus filhos.

3. "Todos": a missão universal dos discípulos de Cristo e a Igreja toda sinodal-missionária

A terceira e última reflexão diz respeito aos destinatários do convite do rei: «todos». Como sublinhei, «no coração da missão, está isto: aquele “todos”. Sem excluir ninguém. Todos. Por conseguinte, cada uma das nossas missões nasce do Coração de Cristo, para deixar que Ele atraia todos a Si» (Discurso aos participantes na Assembleia Geral das Pontifícias Obras Missionárias, 03/VI/2023). Ainda hoje, num mundo dilacerado por divisões e conflitos, o Evangelho de Cristo é a voz mansa e forte que chama os homens a encontrarem-se, a reconhecerem-se como irmãos e a alegrarem-se pela harmonia entre as diversidades. Deus «quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade» (1 Tim 2, 4). Por isso, nas nossas atividades missionárias, nunca nos esqueçamos que somos enviados a anunciar o Evangelho a todos, e «não como quem impõe uma nova obrigação, mas como quem partilha uma alegria, indica um horizonte estupendo, oferece um banquete apetecível» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 14).

Os discípulos-missionários de Cristo trazem sempre no coração a preocupação por todas as pessoas, independentemente da sua condição social e mesmo moral. A parábola do banquete diz-nos que, seguindo a recomendação do rei, os servos reuniram «todos aqueles que encontraram, maus e bons» (Mt 22, 10). Além disso, os convidados especiais do rei são precisamente «os pobres, os estropiados, os cegos e os coxos» (Lc 14, 21), isto é, os últimos e os marginalizados da sociedade. Assim, o banquete nupcial do Filho, que Deus preparou, permanece para sempre aberto a todos, porque grande e incondicional é o seu amor por cada um de nós. «Tanto amou Deus o mundo, que lhe entregou o seu Filho Unigénito, a fim de que todo o que n’Ele crê não se perca, mas tenha a vida eterna» (Jo 3, 16). Toda a gente, cada homem e cada mulher, é destinatário do convite de Deus para participar na sua graça que transforma e salva. Basta apenas dizer «sim» a este dom divino gratuito, acolhendo-o e deixando-se transformar por ele, como se se revestisse com um «traje nupcial» (cf. Mt 22, 12).

A missão para todos requer o empenho de todos. Por isso é necessário continuar o caminho rumo a uma Igreja, toda ela, sinodal-missionária ao serviço do Evangelho. De per si a sinodalidade é missionária e, vice-versa, a missão é sempre sinodal. Por conseguinte, hoje, é ainda mais urgente e necessária uma estreita cooperação missionária seja na Igreja universal, seja nas Igrejas Particulares. Na esteira do Concílio Vaticano II e dos meus antecessores, recomendo a todas as dioceses do mundo o serviço das Pontifícias Obras Missionárias, que constituem meios primários «quer para dar aos católicos um sentido verdadeiramente universal e missionário logo desde a infância, quer para promover coletas eficazes de subsídios para bem de todas as missões segundo as necessidades de cada uma» (Decr. Ad gentes, 38). Por esta razão, as coletas do Dia Mundial das Missões em todas as Igrejas Particulares são inteiramente destinadas ao Fundo Universal de Solidariedade, que depois a Pontifícia Obra da Propagação da Fé distribui, em nome do Papa, para as necessidades de todas as missões da Igreja. Peçamos ao Senhor que nos guie e ajude a ser uma Igreja mais sinodal e mais missionária (cf. Homilia na Missa de encerramento da Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, 29/X/2023).

Por fim, voltemos o olhar para Maria, que obteve de Jesus o primeiro milagre precisamente numa festa de núpcias, em Caná da Galileia (cf. Jo 2, 1-12). O Senhor ofereceu aos noivos e a todos os convidados a abundância do vinho novo, sinal antecipado do banquete nupcial que Deus prepara para todos no fim dos tempos. Também hoje peçamos a sua intercessão materna para a missão evangelizadora dos discípulos de Cristo. Com o júbilo e a solicitude da nossa Mãe, com a força da ternura e do carinho (cf. Exort. ap. Evangelii gaudium, 288), saiamos e levemos a todos o convite do Rei Salvador. Santa Maria, Estrela da evangelização, rogai por nós!

Roma – São João de Latrão, na Festa da Conversão de São Paulo, 25 de janeiro de 2024.

FRANCISCO

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