Santo do Dia 20 de Junho

Família ilustre das Irmãs:
Beatas Teresa, Mafalda e Sancha


Dia 20 de Junho

Todas as três irmãs eram princesas, filhas do Rei Sancho I e da Rainha Dulce, da coroa portuguesa. Viveram no século XII, transitando até o próximo século e espargindo o perfume da fé católica em suas vidas.

Estamos num tempo onde a noção de dever era profundamente mais acentuada que a moderna, que não entende o conceito de sacrificar-se por um causa. Como princesas, sabiam todas o que as esperavam, e estiveram abertas para cumprir suas funções. Porém, Deus, por cima dos planos humanos, seguia um traçado divino. Nas circunstâncias mais diferentes, acabaram as irmãs se encontrando na vida religiosa.

Beata Teresa de Portugal



D. Teresa Sanches de Portugal, O.S.B., também chamada ao tempo de Tarasia ou Tareja, e mais tarde, a Infanta-Rainha ou Rainha Santa Teresa, era a filha mais velha do rei D. Sancho I de Portugal, e esposa de Afonso IX de Leão.

Nascimento: 4 de outubro de 1178, Reino de Portugal

Falecimento: 18 de junho de 1250, Lorvão, Portugal

Hoje a Igreja comemora a Beata Teresa de Portugal, no século Teresa Sanches de Portugal. Ela é a menos conhecida das Santas que levam o seu nome, e às vezes é citada com a forma antiga do seu nome: Tarasia ou Tareja. Ela também ficou conhecida mais tarde como Infanta-Rainha ou Rainha Santa Teresa. Era a filha mais velha de Sancho I, segundo rei português; seus avós paternos foram Mafalda de Saboia, filha do Conde Amadeu III, e Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal.

Da. Teresa nasceu em Coimbra no ano 1177. Prometida em casamento a seu primo Afonso IX, Rei de Castela e Leão, as núpcias foram celebradas em Guimarães no dia 15 de fevereiro de 1191; do casamento nasceram três filhos: Sancha, Dulce e Fernando. Em 1196 o matrimônio foi declarado nulo por “impedimentum affinitatis” e quatro anos depois Da. Teresa se retirou no convento beneditino de Lorvão, que ela mesma haveria depois de transformar em abadia cisterciense, e nela tomar o véu religioso. Este mosteiro foi um dos principais centros de produção de manuscritos e iluminuras na Idade Média no país, destacando-se o “Apocalipse do Lorvão” e o “Livro das Aves”. Na mesma altura, a sua irmã Da. Sancha fundava em Coimbra o mosteiro feminino de Celas.

Por ocasião da morte do pai Sancho I, em 1211, a infanta Teresa deveria ter herdado, segundo disposição testamentária deste último, o Castelo de Montemor-o-Velho, e tudo o que compreendia tal posse, inclusive o direito ao título de ‘rainha’, enquanto senhora de tal castelo. Afonso II, seu irmão, desejando concentrar em suas mãos todo o poder, não aceitou tal testamento e impediu Teresa de tomar posse do seu título e dos direitos respectivos, como também o de suas irmãs Mafalda e Sancha.

Em 1230, seu ex-esposo Afonso morreu depois de ter tido cinco filhos da sua segunda esposa, Berengária de Castela. Este segundo casamento foi também anulado devido à consanguinidade. Assim, os filhos de ambos os casamentos viriam a disputar a coroa (até porque Afonso deserdara o primogênito do seu segundo casamento, e legara o reino às duas filhas que tivera de Da. Teresa). Da. Teresa interveio e permitiu que São Fernando III assumisse o trono, incentivando assim a paz no reino de Castela e Leão.

Resolvida esta querela dinástica, Da. Teresa retornou ao Mosteiro de Lorvão e finalmente tomou os votos conventuais após ter vivido anos como monja. Ali morreu em 18 de junho de 1250 de causas naturais. Os seus restos mortais foram colocados junto aos de sua irmã Da. Sancha. Ambas encontram-se sepultadas na capela-mor de Lorvão, guardando-se os restos mortais das Santas Rainhas em túmulos de prata, obra realizada em 1715 pelo ourives portuense Manuel Carneiro da Silva.

A 13 de dezembro de 1705, Da. Teresa foi beatificada pelo Papa Clemente XI, através da bula Sollicitudo Pastoralis Offici, juntamente com a sua irmã Da. Sancha. O Martirológio Romano comemora a Beata Teresa no dia 17 de junho.

Beata Mafalda de Portugal



D. Mafalda Sanches de Portugal, O. Cist., infanta de Portugal e rainha de Castela por um breve período de tempo, sendo ainda considerada beata pela Igreja Católica, e venerada sob o nome de Rainha Santa Mafalda. Foi educada por D. Urraca Viegas de Ribadouro,

Nascimento: 11 de janeiro de 1195, Reino de Portugal

Falecimento: 1 de maio de 1256, Rio Tinto, Portugal

Beata Mafalda era filha do primeiro Rei de Portugal, Sancho l, apelidado de O Povoador, e da Rainha Dulce de Aragão. Mafalda nasceu em 1195. Há notícias de que a jovem princesa era muito bonita e tinha uma educação esmerada. Ela teve três irmãos: Afonso II, Tereza e Sancha.


Seu pai Sancho l faleceu em 1211. Por isso, sua mãe D. Dulce assumiu o trono. Influenciada pelo ministro Nunes de Lara, homem astuto que queria governar, D. Dulce estreita o relacionamento com o reino de Castela da Espanha e, junto com Nunes de Lara arranjaram um casamento da princesa Mafalda com o Rei Henrique primeiro da Espanha.


Mafalda e Henrique, porém, eram muito novos. Ambos tinham menos de 14 anos, não se tornaram amigos e nem chegaram a coabitar, apesar de ficarem juridicamente casados durante um ano e morando no mesmo castelo. Indignada com este casamento forçado, a mãe do Rei Henrique fez de tudo para anular o casamento (que, de fato, nem chegou a ser consumado).


Porém, antes que a mãe do rei conseguisse seu intento, um acidente aconteceu e o rei morreu. Logo depois chegou a declaração de nulidade do casamento emitido pela Santa Sé, através do Papa Inocêncio lll. Assim, Mafalda volta para Portugal.


Por sua sabedoria e conduta de amor, Mafalda era a favorita de seu pai, Sancho I. Quando este faleceu, deixou a maior parte do reino de Portugal como herança para a princesa Mafalda. Isso, porém, causou divisão no reino. Muitos eram a favor, mas muitos eram contra Mafalda.

Não queriam que as riquezas de Portugal fossem parar nas mãos de uma menina. O irmão de Mafalda, Afonso I, mais velho, temia pelo futuro do país se Mafalda viesse a assumir toda a herança a que tinha direito. E assim, instalou-se a divisão no reino de Portugal.


E a princesa, mesmo tão nova, percebeu o grave problema e não pensou em si, mas sim no seu país e no bem dos outros. Ela abriu mão de tudo: muito dinheiro, fortunas, terras, castelos e poder. Mafalda só quis um pouco de dinheiro para distribuir aos pobres e ajudar alguns mosteiros, que precisavam de ajuda. Depois, abraçou sua vocação para a vida religiosa. E o reino de Portugal seguiu seu curso normal.


A princípio, Mafalda ajudava as monjas e os mosteiros. Quando, porém, sua vocação amadureceu e teve idade suficiente, ela entrou para a Ordem de São Bernardo de Claraval, chamada Ordem Cisterciense, mais precisamente no mosteiro de Arouca, em Portugal.


Tendo ainda algumas jóias de muito valor, Mafalda as doou para a reconstrução de povoados vizinhos, para os mais pobres e para os mosteiros da região. Essas doações foram tão importantes e necessárias que o Papa Alexandre IX escreveu uma carta para Santa Mafalda, agradecendo todas as obras que ela tinha feito para ajudar a Igreja e principalmente os povoados e os mais pobres.


Quando Santa Mafalda amadureceu na vida religiosa, foi eleita superiora do mosteiro de Arouca e exerceu esta função por alguns anos. Nesse tempo, por causa de sua grande cultura e sabedoria, ela conseguiu levar as irmãs a uma vida religiosa mais profunda, mais rica e mais de acordo com a regra cisterciense, que prevê um seguimento fiel e incondicional a Cristo vida do cotidiano.


O mosteiro floresceu sob a coordenação de Mafalda e se tornou famoso pela caridade que exercia com os pobres. Depois, quando terminou seu mandato, ela recolheu-se à sua vida simples de freira obediente e de profunda vida de oração.


Por sua atitude em favor da Igreja e dos pobres, e por sua bondade, Mafalda é conhecida em Portugal como a Rainha Santa e amada pelo povo. Ela nos deixa o exemplo de que o que vale nesta vida é cumprirmos nossa missão, realizarmos nossa vocação, fazermos aquilo para o que fomos chamados, cumprir o plano de Deus na nossa vida.


Santa Mafalda exemplifica em vida aquilo que Jesus falou: De que vale para alguém ganhar o mundo inteiro se perder a sua alma?


Santa Mafalda faleceu no dia primeiro de maio de 1257, no mosteiro de Rio Tinto, em Portugal, onde foi sepultada. Faleceu com fama de santidade.


Passou a ser chamada de Rainha Santa Mafalda, por todo o povo, e instalou-se um processo de canonização a seu favor. Isso ocorreu não só por causa da fama de santidade, mas também por graças alcançadas por inúmeras pessoas através da intercessão de Santa Mafalda. Quando seu corpo foi exumado, ele estava incorrupto, junto com suas vestes e suas relíquias. Em 27 de junho de 1793 foi beatificada pelo Papa Pio VI, e no ano seguinte ela foi Santificada.


Oração a Santa Mafalda

Santa Mafalda, tu que nos ensinas a cumprir a vontade de deus em Nossa vida acima de todas as coisas; tu que nos mostras que os bens materiais nada valem se, por causa deles viermos a perder nossas almas, ensina-nos a buscar em nossa vida o cumprimento da Vontade do Pai acima de tudo. Que por sua intercessão se cumpra em nossa vida o plano maravilhoso que o Pai tem para cada um de nós. Ensina-nos a fazer a descobrir vontade do Pai para nós e a cumpri-la todos os dias de nossa vida, pois assim, seremos felizes. Amém.

Beata Sancha de Portugal



D. Sancha Sanches de Portugal, a segunda filha do rei D. Sancho I de Portugal, foi senhora de Alenquer.

Nascimento: 1180, Coimbra, Portugal

Falecimento: 13 de março de 1229, Mosteiro de Celas, Coimbra, Portugal

A princesa Sancha, ou Sancha Sanches, era filha de D. Sancho I de Portugal e de sua esposa, a rainha Dulce de Barcelona. Seus avós paternos foram Mafalda de Saboia, filha do Conde Amadeu III, e Afonso I Henriques, primeiro rei de Portugal. Era também irmã das Beatas Teresa, rainha de Castela e Leão.

Sancha nasceu em Coimbra em 1180. Foi educada, como suas irmãs, na piedade e austeridade dos bons tempos.


Quando seu pai D. Sancho I faleceu, ela devia receber, segundo as disposições testamentárias, o castelo de Alenquer e dispor de todos os recursos que deste dependiam, podendo mesmo utilizar o título de rainha.


Esta disposição de D. Sancho I foi causa de lutas entre Sancha e seu irmão Afonso II, que tinha sucedido a se pai no trono de Portugal, o qual desejava centralizar em si todo o poder. Para evitar que o patrimônio deixasse de pertencer à coroa portuguesa na sequência de um futuro casamento de sua irmã, o que criaria um problema para a soberania de Portugal, revogou o testamento, despojando Sancha e suas irmãs dos bens nele dispostos.


Sancha, que não tinha qualquer ideia de se casar, porque desejava consagra-se unicamente a Deus, acabou por deixar a seu irmão o total domínio da herança que recebera de seu pai.


Como o testamento provia também terras e castelos para suas irmãs Teresa e Mafalda, formou-se então um partido de nobres afetos pelas infantas, liderado pelo Infante Pedro, que se exilou em Leão, sob a proteção de Teresa, então rainha consorte de Leão, que após tomar alguns locais transmontanos acabou por ser derrotado.


Com a morte de Afonso II e a subida ao trono de seu filho Sancho II, o problema foi resolvido, concedendo este os castelos herdados a suas tias, nomeando seus alcaides entre os nomes que estas propusessem, pedindo-lhes apenas que renunciassem ao título de rainhas (1223).


Animada pelo mais alto espírito de fé e zelo do serviço de Deus, logo que assegurou a posse da vila de Alenquer, o seu primeiro cuidado foi fundar nas proximidades, na serra de Montejunto, um convento de Dominicanos e outro de Franciscanos, na mesma vila, tudo pela sua devoção e especial proteção que dispensava às ordens mendicantes.


Com igual zelo e devoção edificou também a Igreja de Redondo. Para si ergueu o Convento de Celas, em Coimbra, onde tomou o hábito de Cister, para levar, sob aquela regra, uma vida de oração e austeridade até à morte, em 13 de março de 1229. O seu corpo foi transladado para Lorvão, onde sua irmã Teresa era abadessa.


A 13 de dezembro de 1705, através da bula “Sollicitudo Pastoralis Offici”, o Papa Clemente XI beatificou-a ao mesmo tempo que sua irmã Teresa.