Santo do Dia 10 de Junho

Dia 10 de Junho

Santo Anjo da Guarda de Portugal

Santa Alice de La Chambre

Santo Anjo da Guarda de Portugal


Dia 10 de Junho


Anjo de Portugal, também conhecido como Santo Anjo da Guarda de Portugal, Anjo Custódio de Portugal e Anjo da Paz, é uma das designações do anjo que protege a nação portuguesa.

Veneração por Portugal e pela Igreja Católica

Principal templo Monumento na Loca do Cabeço nos Valinhos, em Fátima.

Festa litúrgica 10 de junho

Atribuições Proteção da nação portuguesa, auxílio às tropas de D. Afonso Henriques sobre os muçulmanos, conseguindo assim a Independência de Portugal, anunciador das aparições de Nossa Senhora em Fátima.

“Eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal”

Há pouco mais de um século, em 1916, um anjo visitou três pastorinhos em Portugal, preparando seus corações para as aparições de Nossa Senhora de Fátima. Quem registrou esses acontecimentos em detalhes foi a própria Irmã Lúcia, uma das videntes.

“A treze de maio, na Cova da Iria, no céu aparece a Virgem Maria”, é o que cantamos em honra a Nossa Senhora, que apareceu em Fátima no ano de 1917. Um ano antes, no entanto, os três pastorinhos Lúcia, Jacinta e Francisco foram visitados pelo Anjo custódio de Portugal e tiveram os seus corações preparados para esse grande acontecimento sobrenatural. Sendo hoje, 10 de junho, festa desse Santo Anjo da Guarda (ainda que ela não conste no calendário litúrgico do Brasil), recordemos essas aparições celestes, tal como registradas pela vidente Irmã Lúcia em suas “Memórias”:


Pelo que posso mais ou menos calcular, parece-me que foi em 1915 que se deu essa primeira aparição do que julgo ser o Anjo, que não ousou, por então, manifestar-se de todo. Pelo aspecto do tempo, penso que se deveram dar nos meses de Abril até Outubro.

Na encosta do cabeço que fica voltada para o Sul, ao tempo de rezar o terço na companhia de três companheiras, de nome Teresa Matias, Maria Rosa Matias, sua irmã e Maria Justino, do lugar da Casa Velha, vi que sobre o arvoredo do vale que se estendia a nossos pés pairava uma como que nuvem, mais branca que neve, algo transparente, com forma humana. As minhas companheiras perguntaram-me o que era. Respondi que não sabia. Em dias diferentes, repetiu-se mais duas vezes.

Esta aparição deixou-me no espírito uma certa impressão que não sei explicar. Pouco e pouco, essa impressão ia-se desvanecendo; e creio que, se não são os factos que se lhe seguiram, com o tempo a viria a esquecer por completo.

As datas não posso precisá-las com certeza, porque, nesse tempo, eu não sabia ainda contar os anos, nem os meses, nem mesmo os dias da semana. Parece-me, no entanto, que deveu ser na Primavera de 1916 que o Anjo nos apareceu a primeira vez na nossa Loca do Cabeço.


Já disse, no escrito sobre a Jacinta, como subimos a encosta em procura dum abrigo e como foi, depois de aí merendar e rezar, que começámos a ver, a alguma distância, sobre as árvores que se estendiam em direção ao Nascente, uma luz mais branca que a neve, com a forma dum jovem, transparente, mais brilhante que um cristal atravessado pelos raios do Sol. À medida que se aproximava, íamos-lhe distinguindo as feições. Estávamos surpreendidos e meios absortos. Não dizíamos palavra.


Ao chegar junto de nós, disse:


— Não temais. Sou o Anjo da Paz. Orai comigo.


E ajoelhando em terra, curvou a fronte até ao chão. Levados por um movimento sobrenatural, imitámo-lo e repetimos as palavras que lhe ouvimos pronunciar:


— Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam.


Depois de repetir isto três vezes, ergueu-se e disse:


— Orai assim. Os Corações de Jesus e Maria estão atentos à voz das vossas súplicas.


E desapareceu.


A atmosfera do sobrenatural que nos envolveu era tão intensa, que quase não nos dávamos conta da própria existência, por um grande espaço de tempo, permanecendo na posição em que nos tinha deixado, repetindo sempre a mesma oração. A presença de Deus sentia-se tão intensa e íntima que nem mesmo entre nós nos atrevíamos a falar. No dia seguinte, sentíamos o espírito ainda envolvido por essa atmosfera que só muito lentamente foi desaparecendo.


A atmosfera do sobrenatural que nos envolveu era tão intensa, que quase não nos dávamos conta da própria existência.

Nesta aparição, nenhum pensou em falar nem em recomendar o segredo. Ela de si o impôs. Era tão íntima que não era fácil pronunciar sobre ela a menor palavra. Fez-nos, talvez, também, maior impressão, por ser a primeira assim manifesta.


A segunda deveu ser no pino do Verão, nesses dias de maior calor, em que íamos com (os) rebanhos para casa, no meio da manhã, para os tornar a abrir só à tardinha.


Fomos, pois passar as horas da sesta à sombra das árvores que cercavam o poço já várias vezes mencionado. De repente, vimos o mesmo Anjo junto de nós.


— Que fazeis? Orai! Orai muito! Os Corações de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia. Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios.


— Como nos havemos de sacrificar? — perguntei.


— De tudo que puderdes, oferecei um sacrifício em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores. Atraí, assim, sobre a vossa Pátria, a paz. Eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal. Sobretudo, aceitai e suportai com submissão o sofrimento que o Senhor vos enviar.


Estas palavras do Anjo gravaram-se em nosso espírito, como uma luz que nos fazia compreender quem era Deus, como nos amava e queria ser amado, o valor do sacrifício e como ele Lhe era agradável, como, por atenção a ele, convertia os pecadores. Por isso, desde esse momento, começamos a oferecer ao Senhor tudo que nos mortificava, mas sem discorrermos a procurar outras mortificações ou penitências, exceto a de passarmos horas seguidas prostrados por terra, repetindo a oração que o Anjo nos tinha ensinado.


A terceira aparição parece-me que deveu ser em Outubro ou fins de Setembro, porque já não íamos passar as horas da sesta a casa.


Estas palavras do Anjo gravaram-se em nosso espírito, como uma luz que nos fazia compreender quem era Deus, como nos amava e queria ser amado.

Como já disse no escrito sobre a Jacinta, passámos da Prégueira (é um pequeno olival pertencente a meus pais) para a Lapa, dando a volta à encosta do monte pelo lado de Aljustrel e Casa Velha. Rezámos aí o terço e (a) oração que na primeira aparição nos tinha ensinado. Estando, pois, aí, apareceu-nos pela terceira vez, trazendo na mão um cálix e sobre ele uma Hóstia, da qual caíam, dentro do cálix, algumas gotas de sangue. Deixando o cálix e a Hóstia suspensos no ar, prostrou-se em terra e repetiu três vezes a oração:


— Santíssima Trindade, Padre, Filho, Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores.


Depois, levantando-se, tomou de novo na mão o cálix e a Hóstia e deu-me a Hóstia a mim e o que continha o cálix deu-o a beber à Jacinta e ao Francisco, dizendo, ao mesmo tempo:


— Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus.


De novo se prostrou em terra e repetiu conosco a mais três vezes a mesma oração:


— Santíssima Trindade... etc.


E desapareceu.


Levados pela força do sobrenatural que nos envolvia, imitávamos o Anjo em tudo, isto é, prostrando-nos como Ele e repetindo as orações que Ele dizia. A força da presença de Deus era tão intensa que nos absorvia e aniquilava quase por completo. Parecia privar-nos até do uso dos sentidos corporais por um grande espaço de tempo. Nesses dias, fazíamos as acções materiais como que levados por esse mesmo ser sobrenatural que a isso nos impelia. A paz e felicidade que sentíamos era grande, mas só íntima, completamente concentrada a alma em Deus. O abatimento físico, que nos prostrava, também era grande.


Santo Anjo da Guarda de Portugal, rogai por nós!


Oração

Deus eterno e onipotente, que destinastes a cada nação o seu Anjo da Guarda,

concedei que, pela intercessão e patrocínio do Anjo de Portugal,

sejamos livres de todas as adversidades.


Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Amém.


Oração

Santo Anjo do Senhor ; meu zeloso guardador, já que a Ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, guarda,

governa e ilumina. Amém!




Referências
Memórias da Irmã Lúcia. 13. ed. Fátima: Secretariado dos Pastorinhos, 2007, pp. 168-171.

Santa Alice de La Chambre


Dia 10 de Junho


Aleis , ou Alice ou Adelaide , conhecida como de Schaerbeek ou La Cambre ( Schaerbeek , foi uma freira e mística flamenga , uma freira cisterciense na abadia por La Cambre. Seu culto como santa foi aprovado pelo Papa Clemente XI em 1702 e ampliado em 1907 pelo Papa Pio X.

Nascimento século XII

Morte 11 de junho de 1250

Nascida em Schaerbeck, perto de Bruxelas, no início do século XIII, Alice ou Adelaide, foi uma predestinada desde pequena. Segundo sua Vida, escrita pouco depois de sua morte, e da qual tiramos os dados que seguem, quando pequena ela era “amável e graciosa aos olhos de todos”. E desde cedo escolheu a Mãe de Deus como modelo.

Aos 7 anos entrou como interna no mosteiro cisterciense “Câmara de Santa Maria”, conhecido apenas,em linguagem familiar, como “A Câmara” – ou, em francês, “La Chambre” –, que ficava a alguns quilômetros de Schaerbeek, hoje bairro de Bruxelas.

De uma natureza sensível e bem dotada em todos os domínios, por sua inteligência viva e memória indefectível Alice, “graças à luz da verdadeira sabedoria recebida do alto”, logo eclipsou as outras meninas que, como ela, eram internas no mosteiro, e mesmo às irmãs mais velhas. Pois a luz sobrenatural que deveria banhar a vida e a missão da Santa começava já a fazer seus dons naturais despertarem e desenvolverem ao máximo.

Diz a Vida que, aos poucos, Alice começaria a englobar progressivamente o fardo da humana fragilidade pecadora, chegando a um conhecimento experimental de Deus, e a um crescimento na vida espiritual, na qual começava a respirar o aroma que emana dos frutos da Terra prometida. Enquanto isso, esforçava-se por experimentar, através do amor, o que ela concebera antes pela inteligência, no profundo conhecimento de si mesma. Para ela, o temor de Deus era a fonte da qual fluía o amor, e que era por causa desse amor que ela mortificava seus sentidos e castigava sua carne.

Foi aí que Alice, ainda muito jovem e logo após a profissão religiosa, contraiu uma das doenças mais terríveis de todos os tempos: a lepra. Na Idade Média, na qual vivia, essa doença, por ser muito contagiosa e para a qual não havia cura, condenava os por ela atacados a uma verdadeira morte civil. Se Santa Alice estivesse fora do mosteiro, teria sido segregada e evitada por todos, até por seus parentes, e mandada para um leprozário. Contudo, como ela se encontrava numa casa religiosa, isso não ocorreu. Ela foi apenas isolada do resto da comunidade, enclausurada para sempre num pequeno quarto que era usado para depósito, para dele não mais sair, e que era destituído do mínimo conforto.

Entretanto, nesse cubículo a Santa se sentia livre para entregar-se inteiramente a Deus. Ao nele entrar, Nosso Senhor lhe apareceu e, estendendo-lhe os braços, disse: “Sê bem-vinda, minha querida filha. É bom que venhas, tu que eu desejo há tanto tempo, nessa tenda que me convém”.

Apesar de muito pequeno, o apartamentinho em que foi confinada Alice tinha um minúsculo oratório, no qual se celebrava o Santo Sacrifício para sua devoção. Ora, um dia uma mulher que estava próximo do quartinho para assistir à Missa do lado de fora, o viu completamente envolto em chamas, e a esposa de Cristo cercada por elas. Viu também a glória de Deus que permanecia no aposento, uma glória da qual o brilho ultrapassava incomparavelmente o esplendor de qualquer pedra preciosa.

Até então a esfera da atividade de Alice se restingira à sua comunidade. Daí em diante ela se estenderia e englobaria outras pessoas. Em primeiro lugar, às que sofriam no Purgatório, e das quais ela participava das dores penitenciais. Mas logo em seguida, sua compaixão ia se estender e envolver o gênero humano em seu conjunto, tanto os vivos quanto os mortos.

Além desses sofrimentos de caráter sobrenatural, como vítima expiatória ela devia conviver com a lepra, cujas terríveis dores eram consoladas por companhias celestes, e aliviadas por sua profunda devoção ao Sagrado Coração de Jesus, que ela amou ternamente, muito antes que essa devoção fosse aprovada e adotada pela Igreja.

Foi no dia 11 de junho de 1248 ou 1249, que ela recebeu os Últimos Sacramentos. Mas deveria viver ainda um ano, o mais fecundo de sua vida. Perdeu então a visão do olho direito, e ofereceu esse sofrimento em proveito de Guilherme II, conde da Holanda e da Zelândia (1234-1256), e Rei da Alemanha, para que fosse iluminado em suas empresas. Este monarca precisava muito de suas orações, pois faleceria precocemente em combate aos 28 anos.

Pouco depois Alice perdeu o uso do olho esquerdo, e ofereceu essa perda em favor do rei São Luís, que estava em Damieta durante a Sétima Cruzada,“a fim de que o olhar de luz de Deus o ilumine”. A perda da luz física, para Alice, significava a comunicação a outros da luz espiritual.

Do dia 30 de março até o último dia de sua vida, ela foi atrozmente torturada três ou quatro vezes por dia, tendo que suportar os tormentos terríveis e horrivelmente dolorosos, tanto do inferno, quanto do purgatório. Entretanto, mesmo nesses momentos, ela permanecia sempre, de modo misterioso, nos braços de Jesus.

Santa Alice morreu no dia 11 de junho de 1250, mas só foi canonizada no dia 24 de abril de 1907, pelo imortal São Pio X.