Santo do Dia 08 de Agosto

São Domingos de Gusmão


Dia 08 de Agosto


São Domingos de Gusmão foi um frade e santo católico fundador da Ordem dos Pregadores, cujos membros são conhecidos como Frades Dominicanos.

Nascimento: 8 de agosto de 1170, Caleruega, Espanha

Falecimento: 6 de agosto de 1221, Basílica de São Domingos, Bolonha, Itália

Domingos nasceu numa pequena vila chamada Caleruega, na região da Velha Castela, hoje Espanha. Era o dia 24 de junho de 1170. Filho de Félix de Gusmão e Joana d'Aza, pertencia a uma família rica, nobre e muito católica, encarregue de assegurar as praças militares da fronteira com o sul dominado ainda pelos muçulmanos. Tanto que sua mãe e um de seus irmãos mais velhos chamado Manes foram beatificados. Outro irmão chamado Antônio faleceu com fama de santidade. O nome Domingos foi escolhido por sua mãe durante a gravidez, em homenagem a São Domingos de Silos a quem ela fez uma novena. No sétimo dia da novena este santo apareceu a ela e anunciou que o futuro filho viria a ser um santo.


Domingos, que teve desde cedo inclinação para a vida religiosa, vai em 1189 estudar para Palência, tornando-se, após a conclusão dos estudos membro em 1196, do cabido da sua diocese natal, Osma.


Em 1203, o rei de Castela solicita ao bispo de Osma que este fosse negociar e trazer uma princesa da Dinamarca para se tornar esposa do seu filho, tendo Domingos sido companheiro de viagem do seu bispo, Diogo. Durante a viagem, Domingos ficou para sempre impressionado com o desconhecimento da doutrina cristã dos povos da Europa do norte, tornando-se-lhe evidente que se tornava necessário ir evangelizar aqueles povos, em especial um com que certamente contactou, os cumanos.


Em 1205, Domingos e Diogo, para conclusão do objetivo inicial, realizaram nova missão ao norte da Europa, tendo também efetuado uma peregrinação a Roma e a Cister. No sul de França, junto a Montpellier, encontraram legados do Papa que pregavam contra as heresias dos Albigenses, ou Cátaros. Esse grupo afirmava que dois princípios dividiam o Universo: o princípio bom, espiritual, e o princípio mau, material. O homem era a junção dos dois princípios, um anjo aprisionado num corpo. O dever do homem seria aproximar-se da verdade tendo como fator mediante a razão. Por isso que tal heresia conquistou muitos adeptos. De 1119, quando a heresia foi condenada no Concílio de Toulouse,[1] até 1179, Roma contentou-se em enviar pregadores para a região, sem obter muito sucesso.[2] Somente em 1209, após campanha militar de 20 anos, iniciada pela Igreja Católica, foram os cátaros quase que totalmente eliminados.[3]


Diogo e Domingos, perante a evidência das dificuldades sentidas na missão dos legados papais, convencem-nos a adotar uma estratégia de simplicidade ao estilo apostólico e mendicante, pois que os legados, até aí, deslocavam-se com grande pompa, criados e riquezas. Os legados deixam-se convencer, despachando para casa tudo o que fosse supérfluo, na condição de que Diogo e Domingos os acompanhassem e os dirigissem na missão, que esses fizeram. O Papa Inocêncio III, descobrindo virtudes nessa nova forma de pregação, aprova-a e manda Diogo e Domingos para a “santa pregação”. Diogo, sendo bispo, por razão das suas responsabilidades e não podendo ficar muito mais tempo naquela região, regressou à sua diocese, falecendo pouco tempo depois. Domingos continuou na região, muitas vezes sozinho.


Em 1206, um grupo de mulheres convertidas do catarismo por Domingos pede-lhe apoio e ele encontra uma casa para elas morarem em Prouille, dá-lhes uma regra de vida simples, de oração e reclusão, no que veio a ser a primeira comunidade religiosa dominicana de monjas de clausura. Domingos encarava essa comunidade como “ponto de apoio à santa pregação”, pois que aquelas religiosas, por intermédio da oração, seriam o apoio dos pregadores.Em 1208, encontra-se completamente sozinho na missão de pregar pelas localidades do sul de França. Em 1210, está na região de Toulouse, palco de violentos combates entre senhores feudais e heréticos cátaros.


Em 1214, está em Carcassonne onde assiste a duras batalhas entre as duas partes e onde começa a juntar-se um pequeno grupo de companheiros que com ele adoptam a vida de pregadores itinerantes. No mesmo ano, torna-se pároco de Fanjeaux, localidade junto a Prouille e à sua comunidade feminina.


Em 1215, em Toulouse, adopta uma regra de vida para a sua comunidade de pregadores, obtendo a aprovação do Bispolocal. No entanto, seu objectivo era criar uma ordem religiosa que não ficasse restrita a um local, a uma diocese, mas sim que tivesse um mandato geral, por forma a poder actuar em todos os territórios onde fosse necessária a evangelização. Dirige-se nesse mesmo ano a Roma, onde decorria o Concílio de Latrão, por forma a obter o reconhecimento da sua Ordem. No entanto, o concílio, perante tantos e diferentes novos movimentos que surgiram um pouco por todo lado, e por forma a evitar a anarquia, decide proibir que sejam aceites novas ordens religiosas.


Aconselhado pelo Papa, e de regresso a Toulouse, Domingos e os seus companheiros estudam as várias Regras de vida religiosa já existentes e optam pela Regra de Santo Agostinho. Entretanto, o Papa Inocêncio III morre e Honório III torna-se Papa, sendo um admirador e amigo de Domingos e dos seus pregadores. Em 1216, Domingos volta a Roma com a sua Regra e a seu pedido, o Papa pede à Universidade de Paris o envio para Toulouse de alguns professores destinados ao ensino e à pregação. Entretanto, o Papa confirma a regra da Ordem dos Pregadores como religiosos “totalmente dedicados ao anúncio da palavra de Deus”. Logo após o reconhecimento da Ordem, Domingos envia os seus primeiros discípulos, dois a dois, a fundar novas comunidades em Paris, Bolonha, Roma e a Espanha. Domingos acreditava que apenas o estudo profundo da Bíblia poderia dar os meios necessários para uma pregação eficaz. Assim, envia os seus irmãos para as principais cidades universitárias do seu tempo, por forma a não só adquirem os conhecimentos necessários, como para agirem e recrutarem novos membros entre as camadas estudantis e intelectuais do seu tempo.


Em 1214, São Domingos estava na cidade de Toulouse, em França. Segundo tradições católicas, enquanto orava e fazia penitência pelos pecados dos homens, tendo passado três dias e três noites rezando e macerando o seu corpo com o objetivo de aplacar a cólera divina, parecia estar já morto pelas severas disciplinas quando a Virgem Maria lhe apareceu. Com Sua voz materna, disse-lhe:


«– Sabes tu, meu querido Domingos, de que arma se serviu a Santíssima Trindade para reformar o mundo?»


«– Ó Senhora! – respondeu ele, – Vós o sabeis melhor que eu, porque depois de vosso Filho, Jesus Cristo, fostes o principal instrumento de nossa Salvação.»


Respondeu-lhe Maria Santíssima:


«– Sabei que a peça principal da bateria foi a saudação angélica, que é o fundamento do Novo Testamento; e, portanto, se queres ganhar para Deus esses corações endurecidos, reza o meu saltério.»


Após a aparição mariana, São Domingos entrou na Catedral de Toulouse para reunir e falar aos fiéis, enquanto os sinos começaram a tocar sem qualquer intervenção humana. Quando o santo começou a pregar, uma espantosa tormenta se iniciou, houve um tremor de terra, o sol se velou, ouviram-se terríveis trovões e o céu iluminou-se de relâmpagos. Uma imagem de Nossa Senhora levantou três vezes os braços para pedir a Deus justiça para aqueles que não se arrependessem e recorressem à Sua proteção. São Domingos, perante tal fenómeno, orou das orações do Santo Rosário e, por fim, cessou a tormenta. Pôde ele, então, continuar tranquilamente a sua pregação, e fê-lo com tal zelo e ardor nas palavras que os habitantes da cidade abraçaram quase todos a devoção ao Rosário da Virgem Maria. Em pouco tempo, teria sido vista uma substancial conversão de vida das pessoas.


Em 1218 Domingos está em Roma, a visitar as novas casas, dirigindo-se depois para a Península Ibérica onde um dos seus primeiros companheiros, o português Soeiro Gomes tinha fundado algumas casas. No principio de 1219, Domingos vai a Paris e posteriormente volta a Itália.


Em 1220 reúne em Bolonha o primeiro Capítulo da Ordem, fazendo-se algumas alteração às respectivas constituições canónicas, estando presentes dezenas de frades vindos de muitos pontos distantes da Europa. É adotado o modelo de governo democrático, pelo qual todos os superiores de casas são eleitos por todos os membros da comunidade. Em 1221 funda em Roma o convento de monjas de São Sisto e realiza o segundo Capítulo da Ordem no qual esta passou a estar organizada em províncias. O modelo democrático estende-se a toda a Ordem, mediante o qual para cada Capítulo Geral participam por direito os Priores Provinciais e delegados eleitos por todas as comunidades, sendo que o Mestre-geral da Ordem dos Pregadores é também eleito. São enviados irmãos pregadores para Inglaterra, Escandinávia, Polónia, Hungria e Alemanha.


São Domingos de Gusmão viu a Ordem dos Dominicanos florescer na Europa, trazendo um novo alento à Igreja: a ciência unida à fé e à piedade. Os dominicanos se tornaram grandes pregadores que arrebatavam multidões e defendiam a fé católica contra heresias e desvios perigosos. Vendo sua Obra no caminho certo. Completamente desgastado pelo esforço, ele faleceu quando tinha apenas cinquenta e um anos, em 6 de agosto de 1221, Bolonha. A fama de sua santidade, os testemunhos dos que conviveram com ele e os milagres atribuídos à sua intercessão fizeram com que ele fosse canonizado em 1234, com apenas treze anos após sua morte, através do Papa Gregório IX, que tinha sido seu amigo pessoal. Ele foi enterrado no interior da catedral de Bolonha, onde é venerado no dia de 08 de agosto. Após sua canonização, foi aclamado Padroeiro Perpétuo e Defensor de Bolonha.


São Domingos de Gusmão, rogai por nós!


Oração

Arauto do Evangelho, sublime pregador, Domingos traz no nome o Dia do Senhor. Qual lírio de pureza, só teve uma paixão: levar, aos que se perdem, a luz da salvação. Seus filhos nos envia, por eles nos conduz; as chamas da verdade espalham sua luz. Maria ele coroa com rosas de oração; por toda a terra ecoa, do anjo, a saudação. Com lágrimas e preces pediu por todos nós. Que Deus, que é uno e trino, atenda à sua voz.



Oração

Ó São Domingos, zeloso pregador do Evangelho, que sempre foste sensível diante das misérias alheias, estende até nós as promessas que fizeste aos que choravam e passavam por dificuldades, de ajudar-nos lá dos céus com tuas preces..

Ó Deus, que fizestes resplandecer a Vossa Igreja com a obra da pregação de vosso servo São Domingos, concedeis a todos os homens os bens necessários para viverem dignamente, mas sobretudo, abundância de bens espirituais.

Amém


Oração

Deus de ternura e compaixão, que suscitaste em Domingos o pregador do teu Evangelho de misericórdia, Evangelho de plenitude da justiça, e o levaste a construir uma família que, em obras e palavras, testemunhasse a gratuidade do teu amor, ajuda-nos a encontrar o silêncio donde saia a palavra que alumie de esperança a nossa noite e o gesto que nos traga uma paz ardente. Faz do Espírito de Jesus Cristo a graça da nossa vida. Amém.