Mistagogia




MISTAGOGIA



Processo de conduzir, guiar para dentro do mistério, dos segredos de Deus

SIGNIFICADO DE MISTAGOGIA? 


É preciso internalizar bem o significado do termo “mistagogia” para tentar efetivá-lo bem.

O vocábulo é formado por duas palavras gregas:


a) MISTA – termo que vem de mistério, isto é, o segredo, o presente de Deus, e que se resumiu em “mista”.


b) AGOG- guia, condutor, orientador. Portanto, Mistagogia, significa processo de conduzir, guiar para dentro do mistério, dos segredos de Deus, em clima de fé portanto, de quem já passou pelo processo básico de iniciação. 


CATEQUESE MISTAGÓGICA: 


É um processo de Iniciação à vida cristã que começa pelo querigma (anúncio), capaz de formar pessoas cristãs convictas do amor de Deus; encantadas por Jesus Cristo e seu projeto de amor, através de uma mística evangélico-missionária, orante, celebrativa, vivencial, transformadora e comunitária. • É um processo experiencial/ caminho formativo; verdadeiro itinerário de formação cristã/ que conduz para dentro do mistério de Deus e sustenta um encontro amoroso, que produz crescimento na fé e amor aos irmãos e irmãs, especialmente os que mais necessitam. (mediação das pessoas, da natureza e dos acontecimentos)


Nos séculos III ao V, muitos bispos reservavam para si a tarefa de trabalhar a mistagogia com os neo-cristãos. É um tempo que se reveste de uma experiência muito especial, pois ela acontecia no tempo privilegiado do período pascal, com o objetivo de possibilitar um mergulho mais intenso nos “segredos” (mistérios) da fé cristã. Alguns dos resumos das catequeses mistagógica, foram conservadas na literatura cristã, entre os quais se destacam os de São Cirilo de Jerusalém.


QUANDO COMEÇA? 


O período da mistagogia começa depois da celebração dos sacramentos da Iniciação Cristã. Esse é o último tempo da iniciação onde o catecúmeno obtém o conhecimento completo dos mistérios através das explicações e da experiência dos sacramentos recebidos. Na linguagem dos jovens, podemos dizer que mistagogia é o tempo em que “a ficha cai”, ou seja, em que vamos tomando consciência aprofundada e reflexa daquilo que já é realidade na vida cristã. A mistagogia nos insere no mistério de Deus, que é o mistério de nossa própria vida e da história. É necessário que sejamos ‘iniciados' no mistério, não somente com palavras, mas principalmente através de ações simbólicas, através de ritos. No sentido original, são os ritos (as celebrações litúrgicas) que têm esta função mistagógica de nos conduzir para dentro do mistério. Na cultura atual, chamada de pós-moderna, onde percebemos os limites da razão, abre-se uma nova possibilidade para a liturgia como caminho mistagógico. Liturgia não é um tipo de execução de gestos mágicos ou puramente estéticos ou devocionais. Cada palavra, cada gesto, cada movimento, cada momento ‘contém' o mistério e nos faz mergulhar nele: no mistério de Deus, no mistério da vida, no mistério da história, em nosso próprio mistério. A iniciação a vida cristã tem como objetivo apresentar às pessoas o que é precioso e que transforma a nossa vida. Deus nos deu algo muito bom, e, através da catequese de iniciação cristã, queremos partilhar essa dádiva com outras pessoas. O sentido e o valor deste tempo vêm da experiência, pessoal e nova, tanto dos sacramentos como da comunidade. Devemos entender que: “ser cristão não é uma carga, mas um dom: Deus Pai nos abençoou em Jesus Cristo”. “A alegria do discípulo é antídoto frente a um mundo atemorizado pelo futuro e oprimido pela violência e pelo ódio. A alegria do discípulo não é um sentimento de bem estar egoísta, mas uma certeza que brota da fé, que serena o coração e capacita para anunciar a boa nova do amor de Deus. 


AMPLIAÇÃO DOS CONTEÚDOS


Não há uma celebração ou Etapa, expressando uma transição para outro tempo, porque, segundo a organização catecumenal, o fiel já passava, na noite pascal, a ser considerado suficientemente iniciado, cabendo-lhe continuar o processo formativo como membro pleno da Comunidade Cristã, responsável por si, pela Igreja e pela Missão. 

Aconselha-se, então, que se adapte este tempo da Mistagogia para uma formação referente à vocação, a ministérios na Igreja, ao projeto de vida à luz da fé, para compromissos concretos com pastorais e com a missão e para orientações quanto à formação continuada. 


Portanto: ao tratarmos de mistagogia e catequese, não estamos falando de um tempo determinado, pois todo o processo catequético, tem a finalidade de levar Deus ao coração e à vida dos interlocutores, percorrendo três caminhos: a Palavra-orante, a liturgia- celebrada e a ação transformadora.


Não se pode falar de mistagogia sem abordar o processo catecumenal. O catecumenato foi resgatado como forma ordinária de iniciação de adultos, seguindo a metodologia do RICA. Sua eficácia evangelizadora fez dele um modelo inspirador para outros processos catequéticos, como afirma o Diretório Geral para a Catequese: “Dado que a missão ad gentes é o paradigma de toda a missão evangelizadora da Igreja, o Catecumenato batismal, que lhe é inerente, é o modelo inspirador da sua ação catequizadora” (DGC 90). 


O Diretório Nacional também afirma: “é a inspiração catecumenal que deve iluminar qualquer processo catequético” (DNC 45). Assim, é nossa missão construir itinerários de educação na fé de inspiração catecumenal. Deste modo, estaremos favorecendo uma catequese mistagógica. Para alcançar este objetivo, é preciso conhecer a metodologia catecumenal. São características essenciais da metodologia catecumenal: seu caráter cristocêntrico e gradual, a função eclesial, a centralidade do mistério pascal, a inculturação, a formação intensa e integral vinculada a ritos e símbolos (IVC 72-73).


Portanto, um itinerário catequético catecumenal e, consequentemente mistagógico, não é uma repetição do que nos é proposto pelo RICA, mas a aplicação criativa da metodologia catecumenal. Seguem algumas pistas que podem nos ajudar.,


- Realizar encontros celebrativos: os gestos, os ritos, os sinais da liturgia são bem vindos na catequese. Comunicamos mais dos mistérios divinos pelo uso de sinais do que pelo enunciado de teorias. 


-Aproximar os catequizandos da liturgia: é preciso que compreendam e se apaixonem pela liturgia, sobretudo pela participação ativa das celebrações eucarísticas. Realizar celebrações catequéticas. É muito oportuno fazer com os catequizandos algumas celebrações da Palavra, convidando os familiares, reunindo outras turmas. Os próprios catequistas podem conduzir estes momentos, inspirando-se nos conteúdos catequéticos, valorizando e partindo sempre da Proclamação da Palavra 


- da palavra brota a oração em comunidade. Conduzir os catequizandos para a participação em atividades evangélico-transformadoras. Não podemos nos esquecer de que a mistagogia é uma educação para o viver cristão. Não basta a Palavra, a liturgia e a oração se não nos convertemos. Assim, é muito oportuno que os catequizandos realizem atividades que os eduquem para a caridade e o compromisso social, como atividades em prol da ecologia, visitas em instituições sociais, campanhas, etc.

É o sentir e provar as coisas interiormente que farta e satisfaz a alma. Santo Inácio


Internet::

Joylson Carvalho


Referências

universovozes.com.br

Artigo publicado no Jornal O São Paulo 20/08/2014

http://paroquiasaposse.com.br
http://diocesedeguarulhos.org.br